10 de maio de 2011

Um sopro para detectar cancro?


Descobrir que o cancro do pulmão já entrou numa fase avançada é a grande tragédia que torna esta doença cancerígena a mais mortal em todo o mundo. Detectar logo no início uma doença que avança em silêncio até ser tarde de mais é uma ambição frustrada da medicina em qualquer parte do mundo. No entanto, pode ter chegado ao fim com um simples kit completamente português.
Elvira Gaspar, investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, é a coordenadora do projecto AirMarkers - um teste de rastreio ao cancro do pulmão em que a única coisa que se pede ao paciente é que sopre num saco de plástico e espere entre 24 e 48 horas. Se conhecer o veredicto mais cedo, o doente poderá começar o tratamento em tempo útil e aumentar as hipóteses de sobrevivência 60% a 80%.
"Este kit detecta no hálito determinadas moléculas que funcionam como biomarcadores da doença num estádio inicial", contou ao jornal i Elvira Gaspar, explicando que a descoberta é o resultado de quase uma década de investigação.
Os métodos convencionais são incapazes de detectar o cancro do pulmão num estádio inicial e, para serem eficazes, implicam o uso de radiações em níveis elevados: "O AirMarkers, ao contrário dos outros processos, é um exame não-invasivo e pode ser repetido em curtos espaços de tempo sempre que os resultados são inconclusivos."
Os custos serão também mais baixos, uma vez que uma tomografia axial computorizada (TAC) ronda os 400 euros e o kit português não deverá ultrapassar uma centena de euros, esclarece a investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia. O AirMarkers levará ainda algum tempo a chegar aos hospitais, clínicas, laboratórios e empresas em Portugal. A equipa de investigadores está ainda a validar a sua experiência e conta lançar o seu produto nos Estados Unidos no prazo de cinco a seis anos.
"A estratégia de entrar primeiro no mercado americano prende-se apenas com o facto de terem uma entidade reguladora com regras mais apertadas", justifica a investigadora. Ultrapassados os obstáculos do mercado americano, a comercialização do kit de rastreio de cancro do pulmão nos países europeus será "muito mais fácil" e poderá acontecer um ou dois anos mais tarde, conta Elvira Gaspar.

~~ jornal i online

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