31 de maio de 2011

Dia Mundial sem Tabaco

Assinala-se hoje o Dia Mundial sem Tabaco, promovido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e no qual se pretende alertar para as consequência do tabagismo, a principal causa, evitável, de morte e doença em Portugal.
Segundo a OMS, mais de cinco milhões de pessoas morrerão este ano devido a doenças relacionadas com o tabaco, como enfartes do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais (AVC), cancro e doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). Se acrescentarmos as cerca de 600 mil pessoas, que também morrerão devido à exposição a fumo ambiental do tabaco,ficar-se-á com uma noção mais real da gravidade do problema a nível global.
A Linha SOS Deixar de Fumar 808 20 88 88, do Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva, também se associou ao Dia Mundial Sem Tabaco, que tem este ano como objectivo a divulgação da Convenção Quadro da OMS para o Controlo do Tabagismo (CQCT), documento desde já histórico pelo recorde de ratificações: até hoje foi assinada por mais de 170 países. A CQCT está em vigor desde 2005, ano em que foi ratificada por Portugal, baseando-se em estudos sobre a necessidade destas medidas para proteger e melhorar a saúde pública mundial.
A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) recebe hoje mais de uma centena de jovens no âmbito da conferência Dia Mundial Sem Tabaco: Consequências do Tabagismo na Adolescência que visa alertar os mais novos para as consequências do acto de fumar a curto e médio prazos.
Num estudo hoje apresentado ao público, investigadores da FMUP perceberam, de forma algo intrigante, que os adolescentes têm consciência de algumas das implicações do tabagismo na saúde: "Eles sabem que fumar faz mal e são capazes de associar o tabagismo a um maior risco de sofrer de cancro do pulmão ou doenças respiratórias e de morrer. No entanto, as informações de que dispõem não os impedem de fumar", esclarece Sílvia Fraga. Esta atitude tem, segundo os psicólogos, relação com a necessidade de aceitação por parte dos pares e uma espécie de ritual de passagem para a idade adulta.
A Respira - Associação Portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas lança também hoje uma campanha para combater a dependência tabágica que se prolongará até 16 de Novembro, Dia Mundial da DPOC. A campanha Não fumo! Os meus pulmões merecem, que tem como símbolo um Laço Azul e pretende alertar para os riscos associados à dependência tabágica.
Em Portugal, 22% da população com mais de 15 anos fuma de forma continuada e uma redução de 3% na prevalência do tabagismo no país resultaria numa redução de €3,7 milhões até 2020 e de €7,5 milhões até 2030 nas despesas relacionadas com tratamentos de cancro do pulmão, doença cardíaca crónica, AVC e DPOC, segundo o relatório europeu EQUIPP.
Segundo a OMS, o número de mortes anuais provocadas pela epidemia global do tabagismo poderá ser superior a 8 milhões em 2030. Se durante o século XX o tabaco foi responsável pela morte de 100 milhões de pessoas, prevê-se que no século XXI possa vir matar mil milhões de seres humanos.

10 de maio de 2011

Um sopro para detectar cancro?


Descobrir que o cancro do pulmão já entrou numa fase avançada é a grande tragédia que torna esta doença cancerígena a mais mortal em todo o mundo. Detectar logo no início uma doença que avança em silêncio até ser tarde de mais é uma ambição frustrada da medicina em qualquer parte do mundo. No entanto, pode ter chegado ao fim com um simples kit completamente português.
Elvira Gaspar, investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, é a coordenadora do projecto AirMarkers - um teste de rastreio ao cancro do pulmão em que a única coisa que se pede ao paciente é que sopre num saco de plástico e espere entre 24 e 48 horas. Se conhecer o veredicto mais cedo, o doente poderá começar o tratamento em tempo útil e aumentar as hipóteses de sobrevivência 60% a 80%.
"Este kit detecta no hálito determinadas moléculas que funcionam como biomarcadores da doença num estádio inicial", contou ao jornal i Elvira Gaspar, explicando que a descoberta é o resultado de quase uma década de investigação.
Os métodos convencionais são incapazes de detectar o cancro do pulmão num estádio inicial e, para serem eficazes, implicam o uso de radiações em níveis elevados: "O AirMarkers, ao contrário dos outros processos, é um exame não-invasivo e pode ser repetido em curtos espaços de tempo sempre que os resultados são inconclusivos."
Os custos serão também mais baixos, uma vez que uma tomografia axial computorizada (TAC) ronda os 400 euros e o kit português não deverá ultrapassar uma centena de euros, esclarece a investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia. O AirMarkers levará ainda algum tempo a chegar aos hospitais, clínicas, laboratórios e empresas em Portugal. A equipa de investigadores está ainda a validar a sua experiência e conta lançar o seu produto nos Estados Unidos no prazo de cinco a seis anos.
"A estratégia de entrar primeiro no mercado americano prende-se apenas com o facto de terem uma entidade reguladora com regras mais apertadas", justifica a investigadora. Ultrapassados os obstáculos do mercado americano, a comercialização do kit de rastreio de cancro do pulmão nos países europeus será "muito mais fácil" e poderá acontecer um ou dois anos mais tarde, conta Elvira Gaspar.

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