24 de outubro de 2010

Dez razões (estúpidas) para não ser vegetariano

Há um enorme leque de razões para se continuar a comer carne, produtos lácteos e ovos, bem como para continuar a usar produtos derivados ou testados em animais. O leque é tão vasto que apenas dez das razões que mais se ouvem no dia a dia estão aqui analisadas.
Razão 1:  Se não comêssemos animais, eles acabariam na mesma por morrer de fome porque acabavam por ser demasiado numerosos.
A população de animais de estimação, só nos Estados Unidos, estima-se que ronde os 20 mil milhões. Este número é bastante pequeno quando comparado com o número de animais abatidos para a alimentação humana, que se estima ronde os dez mil milhões e trezentos milhões. Assim, a razão animais de quinta para humanos nos Estados Unidos é de 65 para um.
Por estes números, a população animal não humana já está largamente fora de controlo e abatê-los seria a melhor solução, dado que eles consomem 80% dos cereais produzidos mas infelizmente quanto mais são mortos, mais surgem e a razão é muito simples: as pecuárias são operações de reprodução intensiva artificialmente mantida, sem ela os animais não teriam qualquer hipótese de atingir, o que fará manter, os efectivos actuais.
Só o cereal consumido pelo gado nos Estados Unidos actualmente seria suficiente para alimentar 800 milhões de animais humanos que morrem de fome todos os dias em todo o mundo.
Razão 2:  Se não ordenhássemos as vacas, os seus úberes explodiam e elas morriam.
É verdade que se uma vaca criada para a produção de leite não for ordenhada regularmente os seus úberes podem ficar tão inchados com leite que se torne doloroso, impedindo-a de andar até à água e ao alimento e, portanto, causando-lhe a morte.
A razão porque tal coisa não acontece na natureza é que os animais bovinos, como virtualmente todos os mamíferos, apenas produz leite depois de dar à luz ou quando está a amamentar os juvenis.
Como os criadores de gado querem retirar leite de uma vaca, retiram-lhe o vitelo e ligam-na a máquinas ordenhadoras que mais ou menos simulam o amamentar da cria. Se um criador se esquece de ordenhar as vacas, elas irão queixar-se de incrível desconforto mas se não lhes retirassem os vitelos, eles mamavam naturalmente a cada 20 minutos e vaca nunca teria esse desconforto.
Razão 3:  Os humanos são animais carnívoros.
Os seres humanos têm a capacidade de consumir a carne de outros animais e apresentam características de predador como a visão binocular e quatro dentes caninos. Infelizmente termina aqui a base deste raciocínio.
O corpo humano está melhor adaptado a comer plantas que carne: temos dentes com superfície plana em mandíbulas capazes de movimento lateral, perfeito para mastigar, coisa que os carnívoros não fazem pois rasgam pedaços de carne e engolem-nos inteiros.
Os caninos que temos são pequenos quando comparados com todos os carnívoros mas até os nossos primos distantes gorilas, que são completamente vegetarianos, têm caninos maiores que os nossos proporcionalmente.
O Homem tem intestino longo, permitindo que os alimentos nele se desloquem lentamente, permitindo que o nosso corpo absorver o máximo de nutrientes possível durante a digestão. Os carnívoros têm intestino curto pois a carne pode conter agentes patogénicos que causam rápida putrefacção se esta não for processada rapidamente.
Não temos o pH adequado no nosso estômago ácido para digerir adequadamente a carne sem que esta seja adequadamente cozinhada. Um animal carnívoro tem um pH estomacal de 1 ou inferior, enquanto os herbívoros têm um pH de 4 ou 5, o que encontramos no Homem.
Razão 4:  O Homem é mais inteligente que os outros animais logo tem o direito de dispor deles como quiser.
Há muito que a inteligência humana tem sido citada como justificação para um sem número de acções. É verdade que o Homem tem uma espantosa capacidade de manifestar pensamento abstracto em formas físicas mas como a medição da inteligência não é uma ciência exacta e devido às diferenças de espécies, essa quantificação permanece subjectiva.
Há grandes problemas com a teoria de a maior inteligência nos permitir o direito para dominar e consumir outros pois poder-se-ia admitir o absurdo de comer humanos com menos capacidades (bebés e deficientes, por exemplo). Esta teoria tem sido a justificação para atrocidades sem fim, desde o Holocausto, à negação dos mesmos direitos às mulheres, à escravatura, etc.
Razão 5: Se é errado matar animais, não devíamos também impedir os tigres e outros predadores de matar as suas presas? 
Os humanos têm a capacidade de matar e consumir outros animais, como outros predadores, mas a diferença óbvia entre o Homem e os verdadeiros predadores é o facto de nós precisarmos de ferramentas para o fazer.
Outra diferença óbvia é a possibilidade de escolha, pois o Homem vive espantosamente bem sem comer carne.
Claro que se pode encontrar comunidades humanas que têm poucas opções para além de matar e comer animais mas normalmente estamos a falar de comunidades nativas que vivem de forma tradicional.
Razão 6: O estilo de vida vegetariano é demasiado dispendioso. 
É verdade que se comprarmos alimentos pré-preparados, pode-se gastar grande quantidade de dinheiro mas isso certamente não é um exclusivo do vegetarianismo. Se se comparar o preço da carne e de outros produtos animais com o de vegetais e cereais, descobre-se que os segundos se tornam mais em conta.
Há luxos, como carne de soja, queijos e pastas, que são mais caros que os seus primos animais mas estes produtos não são necessidades. Recorde-se ainda que, se acabarem os subsídios e incentivos à sua produção, um quilo de carne pode atingir os €500.
Razão 7: Os animais não têm sentimentos. 
É verdade que não podemos ter absoluta certeza que o que nos parece alegria, tristeza, amor ou dor nos animais seja a mesma coisa que nós sentimos mas qualquer um que tenha passado uma hora com um cão sabe que os animais sentem emoções.
Jeffrey Moussaieff Masson referiu num artigo escrito sobre a pesquisa por trás do seu livro The Pig Who Sang To The Moon", que um porco pode ser tão devotado, afeiçoado, bom companheiro como um cão, se tiver essa hipótese. As ovelhas, sempre apelidadas de estúpidas, conseguem reconhecer e ter sentimentos para com outras duzentas ovelhas. 
Razão 8: Se todos se tornassem vegetarianos todos os criadores de gado iam à falência. 
Claro que muitos ficariam sem emprego se de repente todos ficássemos cheios de compaixão pelos outros animais, mas isso não parece provável, ainda que possível.
À medida que cada vez mais pessoas se tornam vegetarianas, a procura de carne e outros produtos animais irá diminuir e as indústrias que deles dependem irão adaptar-se ou reduzir-se significativamente. O grande problema com este argumento é ter sido igualmente usado para justificar a escravatura: "O que vai acontecer aos pobres donos das plantações se proibirmos a escravatura?"
Razão 9: A dieta vegetariana não é saudável. 
Um dos grandes argumentos contra o vegetarianismo é o facto de se pensar que os vegetarianos têm carência em proteínas, cálcio e vitamina B12. Mas o feijão, por exemplo, tem pouco menos proteína que a carne mas sem gorduras saturadas ou colesterol, e muitos produtos de soja são fortificados com cálcio e vitamina B12. Frequentemente, os que têm problemas com o vegetarianismo geralmente não têm uma dieta equilibrada e têm falta de ferro. 
Razão 10: Se não os testássemos em animais, muitas pessoas morreriam ao usar medicamentos pouco seguros. 
Há mais de um século que os animais não humanos são usados em testes de medicamentos e produtos para utilização humana. As razões que justificam a utilização de animais em experiências que não beneficiam a sua espécie são muitas e embocam nas que já foram debatidas.
Para quê usar animais que são geneticamente diferentes do Homem quando, infelizmente, há milhões de pessoas com doenças para as quais ainda não há cura dispostas a permitir que sejam usadas como cobaias em curas experimentais.
Concluindo, há muitas razões para não nos preocuparmos com os animais e para continuarmos a apoiar indústrias que os exploram e matam, infelizmente a maioria delas são estúpidas. 

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