8 de outubro de 2009

350 é o número mais importante do planeta


O que é estranho porque até há 22 meses nem se sabia que interessa de alguma maneira.
Mas foi quando, em Dezembro de 2007, Jim Hansen da NASA, achou que tinha dados suficientes para finalmente traçar a linha vermelha para o planeta: quando a concentração atmosférica de dióxido de carbono subir acima das 350 ppm o aquecimento global ficará perigosamente fora de controlo. De facto, acima de 350 não se pode ter um planeta "semelhante aquele em que a civilização se desenvolveu e a que a vida na Terra está adaptada".
Para início de conversa, já ultrapassámos esse valor, estamos com 390 ppm e a subir 2 ppm por ano, não admira que o Árctico já esteja a derreter. Depois, significa que o trabalhos dos países e indivíduos têm que fazer para reduzir as suas emissões é muito superior e tem que ser feito muito mais rapidamente do que se pensava.
Mas não é como se tivéssemos muitas opções.
O mais importante de termos um número é que nos obriga a crescer, a encarar de frente o facto de que as negociações que vão decorrer este final de ano em Copenhaga não são apenas sobre o que queremos fazer, ou sobre o que os chineses querem fazer, ou sobre o que a Galp quer fazer. As negociações são sobre o que a física e química querem fazer: o mundo físico colocou a sua fronteira nas 350 ppm e não é provável que mude de ideia.
No mês passado, num artigo com honras de capa publicado na revista Nature, uma equipa de investigadores identificou nove limites planetários, o mais importante dos quais será provavelmente a mesma linha de 350 ppm para o dióxido de carbono. Acima disso, dizem eles, corremos o risco de "ameaçar os sistemas ecológicos desenvolveram no final do Quaternário e desafiar gravemente a viabilidade das sociedades humanas contemporâneas".
O artigo recebeu o título "Um espaço de operações seguro para a Humanidade", e é mesmo disso que se trata.

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