17 de outubro de 2009

Dia Mundial da Alimentação - Segurança alimentar em tempo de crise

Algures num país ocidental, um porco está a ser criado numa gaiola ínfima, empilhado com outros porcos de tal forma que é necessário cortar-lhes as caudas para que não se mordam uns aos outros. Para impedir que adoeça nestas instalações exíguas, está carregado de antibióticos e os resíduos que ele e os seus milhares de irmãos produzem são conduzidos a lagoas de estrume que poluem o ar e a água das zonas vizinhas.
A base da sua alimentação é milho produzido com a ajuda de subsídios governamentais e milhões de toneladas de fertilizantes químicos. Quando é abatido, com cerca de 5 meses de idade, vai tornar-se numa miríade de produtos de baixo custo que alimentam o vício em carne que tanto contribui para a epidemia de obesidade que aflige o mundo ocidental. Quando as chuvas vierem, o excesso de fertilizantes que estimularam tanto milho a crescer será lixiviado para as bacias hidrográficas e acabará no oceano, ajudando a criar zonas anóxicas que matam milhões de peixes.
As histórias de horror da indústria alimentar já nos são familiares mas ultimamente as coisas melhoraram bastante, e, de algumas formas, pioraram bastante. Os países ocidentais são capazes de produzir quantidades quase ilimitadas de carne e cereais a preços espantosamente baixos mas com custos elevados para o ambiente, animais e o próprio Homem. Esses custos escondidos são a erosão das terras férteis, galinhas poedeiras mantidas em gaiolas tão pequenas que não conseguem abrir as asas e a preocupante emergência de bactérias resistentes aos antibióticos entre os animais de criação. Acrescente-se a aceleração do aquecimento global, pois o sistema alimentar ocidental de utilização intensiva de energia usa mais de 20% dos combustíveis fósseis, mais que qualquer outro sector da economia.
Mas talvez o pior seja que a nossa alimentação é cada vez pior para nós. Um sistema de produção de alimentos que gera comida barata e que enche literalmente à custa dos produtos mais saudáveis é a principal causa da epidemia mundial de obesidade, que acrescenta milhares de milhões de euros às contas médicas ocidentais.
Entretanto, num país africano ou asiático, milhões de pessoas não têm o suficiente para satisfazer as suas necessidades nutritivas mais básicas.
Num momento em que a crise económica global domina as notícias, o mundo tem que ser recordado de que nem todos trabalham em fábricas e escritórios: a crise está a rondar as pequenas quintas e áreas rurais, onde vive e trabalha 70% dos que passam fome.
Com um aumento estimado de 105 milhões de pessoas a passar fome em 2009, existem agora 1,02 mil milhões de pessoas sub-nutridas no mundo, quase um sexto da Humanidade está, por isso, a passar fome.
No final desta Semana Mundial da Alimentação e no Dia Mundial da Alimentação de 2009, é nosso dever reflectir sobre esses números e sobre o sofrimento humano que lhes está subjacente. Temos o conhecimento necessário ao combate à fome, temos capacidade de encontrar dinheiro para resolver os problemas que consideramos importantes.
Vamos então trabalhar juntos para garantir que a fome seja reconhecida como um problema crítico e vamos resolve-lo para sempre.

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