17 de novembro de 2009

Dia Nacional do Não Fumador - a nossa liberdade termina onde começa a dos outros

Portugal segue uma tendência observada noutros países desenvolvidos do Sul da Europa, com declínio no consumo de tabaco nos homens e aumento nas mulheres ao longo dos últimos vinte anos.
Nos anos 90, a diminuição do número de mortes consolidou-se nos homens em todos os grupos etários mas  nas mulheres com idades entre os 35 e os 74 anos, a taxa de mortalidade por cancro do pulmão aumentou de forma constante (1,6 por cento/ano), não dando ainda sinais de abrandamento.
O cancro do pulmão é um dos tumores mais frequentes e mais letais em todo o mundo. Na Europa, em 2006, foi o terceiro cancro mais incidente, estimando-se que tenha contribuído para um quinto das mortes provocadas por cancro.
O consumo do tabaco é a principal causa desta doença, pelo que os peritos apelam à necessidade de continuar a "investir em campanhas de cessação tabágica dirigida a ambos os sexos e, especialmente, aos grupos etários mais jovens" para prevenir que comecem a fumar.
Os fumadores são também um grupo vulnerável ao vírus H1N1 e a probabilidade de desenvolverem complicações respiratórias devido à gripe é maior. Esta é a principal conclusão de um estudo realizado com vários pacientes em Hong Kong, na China, citado pela página do canal «Bloomberg». O estudo realizou-se em 27 pacientes com Gripe A. Nos 27 chineses que apresentaram complicações, como pneumonia e outras doenças graves, 12 eram fumadores ou já o tinham sido, de acordo com o que explicou Thomas Tsang, do Centro para a Protecção de Saúde de Hong Kong.
O número de cigarros consumidos, em média, diariamente, pelos portugueses é de 18, segundo um estudo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia. Segundo esta investigação, os portugueses começam, em média, a fumar aos 17 anos e param aos 40. O tempo de exposição, em média, é de 28 anos, sendo que cada português fuma, em média, 35 maços por ano.
O Dia Nacional do Não Fumador assinala-se hoje, quase dois anos depois de entrar em vigor uma lei que deveria reduzir o fumo em locais públicos mas que, segundo especialistas, não está a ser efectiva. A perita em tabagismo Sofia Ravara alertou que a aplicação da lei do tabaco "não está a ser efectiva" e a situação é "muito desigual" no país, havendo muitos cafés e restaurantes com fumo e ventilação insuficiente.  "Portugal não tem uma boa política de espaços sem fumo, a lei é ambígua e permite demasiadas excepções, e não está a ser efectiva porque também não está a ser fiscalizada." Segundo ela, muitos fumadores em tratamento têm recaídas por os ambientes sociais serem com fumo.
Um estudo da Universidade do Minho confirmava, já em 2006, que se os não-fumadores permanecerem várias horas em locais com fumo acabam por "fumar" vários cigarros por dia.
Segundo o coordenador deste estudo, nos restaurantes, um não-fumador acaba por fumar em média cerca de cinco cigarros em cada oito horas de exposição, contudo este número sobe para 15 cigarros se estivermos a falar de discotecas.
No que se refere aos edifícios da Administração Pública, como as câmaras municipais, assinalou-se uma redução da contaminação, uma diminuição que tem a ver com o facto de as pessoas fumarem menos nestes locais.
O fumo do cigarro é constituído por quase 5 mil substâncias tóxicas, das quais 80 são cancerígenas(a nicotina, o monóxido de carbono e o alcatrão, por exemplo).

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